Mas afinal, o que é luto?


O luto é a angústia por uma perda de algum ente ou pessoa que morreu, ou algum ciclo que terminou. É o processo emocional e sentimental que vivencia a ausência e o vazio causado por uma perda. O processo de luto é totalmente individual, mesmo que haja outras pessoas envolvidas na mesma dor, pois cada um tem a sua capacidade própria de interpretar esse vazio, desde o momento de um choro até os dias que irão seguir.


A expressão do luto pode se dar por manifestações físicas, como uma dor no peito, e emocionais, como a tristeza, raiva e ansiedade. Em paralelo também há quem se manifeste de maneira silenciosa.


Ou seja, não há um estereótipo ou regra a ser seguida para manifestar um luto. Ele é o reflexo da sua capacidade emocional de lidar com momentos frágeis e de comportá-lo no seu dia a dia. Existe intensidades e momentos diferentes. Um luto pode começar antes mesmo da morte de alguém, quando há alguma doença complicada envolvida, por exemplo.


Mas há também quem, na psicologia, classifique o luto em normal, quando há um repertório de respostas saudáveis que possibilitam a expressão da dor da perda, e o luto complicado, em que há uma série de sintomas físicos e mentais resultantes da incapacidade de se expressar, seguido por um isolamento ou período de negação prolongado.


Existem diversos tipos de luto, e os mais comuns são:


Luto Natural: é aquele que as pessoas vivenciam após a perda de um ente querido, ou alguém próximo.


Luto Intermitente: é aquele que permanece não resolvido ao longo do tempo, durante vários anos, e, por vezes, para o resto da vida, interferindo no estado emocional da pessoa e impactando significativamente a sua vida.


Luto Antecipatório: se inicia a partir do diagnóstico de uma doença crônica sem possibilidade terapêutica de cura, por exemplo. É um fenômeno adaptativo, no sentido de que é possível, tanto ao paciente quanto aos familiares se prepararem cognitiva e emocionalmente para o acontecimento seguinte, que é a morte.


Luto Traumático: é aquele que vem de situações inesperadas, como um acidente de carro, ele torna-se ainda mais doloroso e traumático.


Luto Coletivo: desencadeado por mortes em grande escala, como desastres naturais, catástrofes ou pandemias.


Luto não Reconhecido: é aquele não reconhecido pelos mais próximos ou pela sociedade, diminuindo a dor do enlutado e aumentando sua angústia. Exemplo: morte do animal de estimação, separação conjugal ou aposentadoria.


Luto Adiado ou Inibido: é quando o indivíduo não demonstra sinais exteriores frequentes do processo de luto, como tristeza e raiva. A tristeza é inibida, e o indivíduo não permite que a realidade da perda seja vivenciada. Em alguns casos, o indivíduo que inibe a sua dor e angústia pode apresentar queixas psicossomáticas.

É além dos diversos tipos, o luto também tem diversas fases.


Como não somos acostumados a conversar sobre a morte, nossa cultura não aborda isso com naturalidade. Pelo contrário, a maioria das pessoas pensam algo tipo: “Nem pense nisso…”, “Fecha a boca…”, “Não fale para não atrair…”.


Uma referência muito utilizada na compreensão do processo de elaboração de luto é a autora Elizabeth Kubler-Ross.


Ela sugere que uma pessoa em iminência de morte, como pacientes terminais, e as pessoas com vínculo afetivo à pessoa que faleceu, podem passar por até cinco estágios, geralmente nesta ordem e com peculiaridades:

Negação: consiste em uma fase de negação do acontecimento; a pessoa não acredita, acha que pode haver enganos. 


Esta fase está sujeita a ser vista como forma de defesa de algo improvável e pode durar minutos ou até mesmo anos (como nos casos das pessoas que continuam sempre esperando seus entes queridos).

Raiva: sentimento de raiva, dor, medo e culpa que podem variar muito em intensidade e freqüência. Esta fase é a mais delicada, a pessoa está incongruente e pode ter atitudes desagradáveis, piorando o clima diante de um tratamento ou em um velório.


Negociação: a revolta anterior não trouxe alívio, aí vem os pensamentos sobre fazer algo para reverter o acontecido.


Depressão: esta fase gera grande sofrimento, a maior colaboração de quem está ao lado pode ser um ouvinte paciencioso e apenas estar ao lado.


Aceitação: com o sofrimento um pouco mais suavizado, a pessoa faz reflexões e tem percepções mais congruentes com a situação, facilitando a aceitação do ocorrido e possibilidades de reação.


Se você está encontrando dificuldades para lidar com estas e/ou outras condições, não hesite em buscar por ajuda.


É sempre importante lembrar: este conteúdo não substitui uma avaliação com psicólogo e/ou psiquiatra, não substituindo assim o processo terapêutico.

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